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segunda-feira, 20 de maio de 2019

Copa do Brasil: aproveitando a deixa - Parte 1: 2013

Olá, pessoal.

Tenho estado ausente por um longo tempo, não é mesmo? Mais de um ano, não é? Mil desculpas. É que não é fácil cuidar de tudo sozinho.

Mas agora é hora de voltar à ativa. Com tudo. E como for possível e melhor.

A partir de hoje, vamos falar de Copa do Brasil.

Você conhece, não é?

Sim. Aquele torneio que é conhecido como o caminho mais curto para a Libertadores. E também como o mais democrático do país.

A Copa é uma ótima oportunidade para se conhecer times de que nunca se havia ouvido falar. Só nela vemos jogos como Pirambu x Corinthians, Sobradinho x Botafogo e Ivinhema x Flamengo.

Está bem, esses duelos acontecem também na Copa São Paulo de Juniores. Mas vamos considerar aqui apenas o profissional.

Você sabe como é definida a maioria dos classificados para a Copa do Brasil, não é? Isso mesmo! Por meio dos campeonatos estaduais.

Acontece que, em 2011, a CBF definiu que a fórmula do torneio mudaria dali a dois anos. A partir de 2013, os times que disputassem a Libertadores passariam a entrar nas oitavas de final.

Isso significou uma segunda chance para as equipes que não conseguem terminar os estaduais na posição necessária para ir à Copa. Afinal, os primeiros colocados fora do grupo dos classificados poderiam assumir a vaga dos que iniciariam o torneio já nas oitavas.

E aí, vamos ver como foi isso na prática? Comecemos pelo primeiro ano da nova fórmula. 2013, como dito anteriormente.

Organizemos por Estado. Assim fica mais simples.

São Paulo

O Campeonato Paulista de 2012 classificou para a Copa do ano seguinte os três primeiros colocados.

Sim, são quatro os times de São Paulo que estão entre os chamados doze grandes do Brasil. Mas acontece que uma vaga ficaria com o campeão da segunda divisão estadual, chamada de Série A2.

Por que não é Série B? Melhor perguntar lá no posto Ipiranga. Ou na Federação Paulista de Futebol (FPF). A divisão que eles consideram a Segunda, a B, é na verdade a QUARTA.

Enfim, os três primeiros daquele campeonato foram Santos, Guarani e Palmeiras.

Destes, apenas o Palestra disputou a Libertadores de 2013, por ter sido campeão da Copa do Brasil um ano antes.

Em seu lugar, entrou a quarta colocada, Ponte Preta. Mas a Macaca é um time que vive entre a primeira e a segunda divisões do Brasileirão. Por isso, não vamos tratar dela por aqui. Não tem credencial.

Ah! Ficou curioso para saber quem ganhou a Série A2 de 2012? Foi o São Bernardo FC. E na Copa? Passou do Paraná Clube na primeira fase, mas logo depois foi derrubado pelo Criciúma.

Próximo Estado, por favor!

Rio de Janeiro

Na terra do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar, não há vaga para o campeão da Segundona. E o número de classificados é igual ao de times grandes: vão os quatro primeiros.

Os quais, em 2012, foram os esperados. Em ordem: Fluminense, Botafogo, Flamengo e Vasco da Gama.

Novamente, apenas um deles foi à Libertadores: o Tricolor das Laranjeiras, campeão brasileiro.

Porém, o Cruz-Maltino também ganhou o direito de entrar na Copa logo nas oitavas. Como melhor colocado da Série A de 2012 entre os que não obtiveram a vaga na Liberta, entrou no lugar do São Paulo. O Tricolor do Morumbi disputaria a Copa Sul-Americana no segundo semestre como detentor do título, uma regra que hoje não existe. Foi então excluído da Copa do Brasil, para evitar conflito de datas.

Como quinto e sexto colocados do Carioca de 2012, respectivamente, Resende e Volta Redonda assumiram os lugares de Flu e Vasco na fase inicial da Copa.

O Voltaço não estava em nenhuma divisão do Brasileirão de 2013. Na época, quase todos os estaduais classificavam para a Série D do mesmo ano. A estreia na Copa seria contra o Avaí.

O time do Guga estava na Série B nacional pelo segundo ano seguido.

A primeira partida aconteceu no sul do Rio, no dia 10 de abril. O Volta pensava em aproveitar que ainda tinha calendário nacional. Venceu por 1 a 0, gol do zagueiro André Alves.

Com a regra da época, o time de melhor posição no ranking da CBF (o Avaí, no caso) faria a partida de ida na casa do adversário. Se vencesse por dois ou mais gols de diferença, seria classificado sem o jogo da volta.

Assim, o resultado no Estádio da Cidadania impediu a incoerência: como poderia um time que se chama Volta não fazer jogo de volta? E garantiu ao Voltaço uma passagem para Florianópolis. Que coisa linda, não é? Quem não gostaria de visitar a Ilha da Magia?

Pois é. Pena que não se pode dizer o mesmo do jogo que aconteceu lá, no estádio da Ressacada, em 25 de abril. Aliás, nome apropriado para o local. Pois o Voltaço parecia estar mesmo de ressaca da vitória na Cidade do Aço, mesmo tendo se passado quinze dias. Perdeu por 4 a 1 e foi embora logo cedo.

Já o Resende (corta pra mim!) iniciaria os trabalhos contra o Caxias do Sul. O time gaúcho estava na Série C e entrou na Copa como vice-campeão estadual (sim, a final de 2012 não foi Gre-Nal, mas Inter e Caxias). Portanto, era justo que estivesse em posição superior no ranking nacional dos clubes.

Só que a turma do Sul Fluminense não estava nem aí para isso. Jogando no Estádio do Trabalhador, em Resende, venceu a partida de ida por 2 a 1. 3 de abril foi a data do jogo.

"Que legal! Vamos conhecer a Serra Gaúcha! Só não podemos tomar muito vinho ou espumante por lá, ou vamos perder igual ao Voltaço. E precisamos só de um empate. O estádio onde vamos jogar se chama Centenário, nada a ver com ressaca. Pelo amor de Deus."

Devem ter bebido com moderação. Ou nem bebido. Pois, em 18 de abril, conseguiram segurar o 0 a 0. Justamente o empate que lhes era necessário.

Pela primeira vez nesta série, fala-se de um time que conseguiu passar de fase na Copa. Parabéns ao time resendense. Muitas vezes, para um time que está lá embaixo no ranking da CBF e na Série D ou em série alguma do Brasileirão, isso é quase um título.

Mas o Cruzeiro seria o próximo desafio. E põe desafio nisso. Não é um genérico, como o Fluminense de Feira, Flamengo do Piauí ou Santos do Amapá. É o Cruzeiro mesmo. O de Minas Gerais. "Tão combatido, jamais vencido". A Raposa. Campeã brasileira e bicampeã sul-americana.

Sim, pela primeira vez também, vamos falar sobre um confronto com um time grande. Com um dos 12 maiores do país.

E deram tchau com duas derrotas, como esperado. 2 a 1 em casa (1º de maio) e 4 a 0 em BH (22 de maio).

Não há nada que se ficar triste com isso. Não há que se pensar que ter um time de grandeza nacional como adversário (no caso do Resende, um de fora do Rio) é quase uma derrota, mas que ter a oportunidade de enfrentá-lo é uma grande vitória. É um momento que fica na história do clube. E que faz da Copa do Brasil essa competição tão divertida e interessante.

Minas Gerais

Para 2013, a terra do pão de queijo teve direito a quatro vagas na Copa, das quais três vinham do Campeonato Mineiro e uma da Taça Minas Gerais.

O Atlético foi o único representante do Estado na Libertadores. E, completando com América e Cruzeiro o grupo dos três primeiros do estadual de 2012, passou a vaga no início da Copa para o quarto colocado.

No caso, o Tupi.

A estreia do Galo Carijó de Juiz de Fora seria contra o Luverdense.

Os dois times haviam disputado, um ano antes, a Série C do Brasileirão. Mas suas campanhas foram bem distintas.

Enquanto os mato-grossenses ficaram a uma fase de subir para a Segundona, os mineiros acabaram voltando à Série D, um ano depois de deixá-la (e deixá-la com o título).

O Tupi queria esquecer o passado. Águas passadas não movem moinhos. Nem vencem jogos.

Jogo de ida, 10 de abril, em Juiz de Fora. Vitória do Galo por 1 a 0 e passagem garantida para Lucas do Rio Verde.

Lucas do Rio Verde. Você sabia que essa cidade existia antes de conhecer o Luverdense, clube fundado em 2004? E será que alguém do Tupi já tinha ouvido falar nela?

Bom, certo é que o time alvinegro não levou boas lembranças desse município que fica a mais de 300 quilômetros de Cuiabá. Em 17 de abril, exatamente uma semana depois de vencer, tomou de 3 a 0 e se despediu. Poxa, como está difícil falar de alguém que passou de fase. Por enquanto, só o Resende mesmo (põe no Cidade!).

Rio Grande do Sul

O futebol gaúcho tinha quatro vagas reservadas para a Copa: os três primeiros do estadual e um dos finalistas da Copa Federação Gaúcha.

Como dito antes, Internacional e Caxias haviam decidido o Gauchão em 2012. O que não significa que o Grêmio não tenha feito valer sua grandeza: foi o terceiro na classificação geral, o melhor dos não-finalistas.

E foi também o Imortal Tricolor o único representante da terra do chimarrão na grande competição continental, passando a vaga na primeira fase da Copa para o quarto colocado.

Que foi o Veranópolis, um dos times mais coloridos do país. Você conhece mais algum que tenha cinco cores? No caso, azul, amarelo, verde, vermelho e branco.

Primeiro oponente? O Santo André.

O time da cidade que é a letra A do ABC Paulista conhece bem a Copa. Mais que isso, tem boas lembranças dela. As melhores possíveis.

Ah, aquela edição de 2004.

Vamos aumentando a frase.
O título.
O título em cima do Flamengo.
O título em cima do Flamengo no Maracanã.
O título em cima do Flamengo no Maracanã com mais de 70 mil pessoas vendo.

Time não tão antigo, fundado em 1967. Sem tradição em competições nacionais. Um completo azarão num torneio tão grande e cheio de astros.

Ah! Que time desses, menos conhecidos, não sonha com um momento em que não precisa do TEM BOLA NA TUBA para ter destaque?

Pois é. Só que já haviam se passado nove anos. E o cenário era bem diferente.

O Santo André amargava a segunda divisão do Paulista. Quer coisa pior que cair no estadual?

E, no Brasileiro, tinha acabado de chegar ao fundo do poço, vulgo Série D.

O primeiro jogo foi no dia 3 de abril, na Serra Gaúcha. O Veranópolis aproveitou essas quedas brutais das quais o adversário juntava os cacos e venceu por 1 a 0. "Bah, tchê! Vamos lá conhecer o ABC!"

"Mas espera aí, gurizada. Quantas finais de Copa do Brasil nós temos? Quantas vezes já fomos longe em nível nacional?"

Sim, os paulistas não viviam seu melhor momento. Mas na partida de volta, em 17 de abril, fizeram valer sua experiência e reverteram o placar da ida. 2 a 0. E lá se foi o VEC.

Chegamos ao fim dos times.

O que podemos concluir?

No total, foram quatro times. Recapitulando: Resende, Volta Redonda, Tupi e Veranópolis. E você percebeu que TODOS conseguiram vencer seus jogos de ida, pelo menos os de ida, na primeira fase?

E que um deles conseguiu passar dela? Mas foi um só.

Podemos concluir que esses times deram algum valor à vaga que esperaram aproximadamente a metade de um ano para obter. Souberam aproveitá-la ao menos por um jogo.

Mas sempre é possível ir mais além. Pois assim é o futebol. Basta acreditar, e não apenas jogar por jogar. Certo, Resende?

"Aquele que diz que 'o importante é competir', provavelmente perdeu."

No próximo texto, trataremos das vagas adicionais abertas para 2014.

Até lá!